quarta-feira, 22 de setembro de 2010

com o tempo haveríamos de nos habituar

Provavelmente não passa de especulação, já que só hoje, em Conferência de Imprensa, é que Paulo Bento vai contar todos os pormenores do contrato que o faz, a partir de agora, seleccionador nacional de futebol.

Pois diz o Jornal de Notícias que Bento vai ganhar metade de Queiroz... Carlos Queiroz, o demitido. Ou seja, o novo seleccionador nacional vai ganhar 70 mil euros por mês. Já o Público afirma que Paulo Bento vai ganhar pouco mais de 60 mil euros por mês, o que equivale a menos de um terço do que ganhava Carlos Queiroz. E aqui as contas começam a desacertar-se. Por mais voltas que se dê, um meio é sempre mais que menos de um terço. Seja como for e pelas contas do Público, Paulo Bento vai ganhar 900 mil euros por ano, durante os próximos dois anos, até 2012, que é o prazo do contrato.

Já o Correio da Manhã adianta que o seleccionador ganhará mais 8 mil euros de prémio por cada jogo vencido e ainda mais 300 mil euros se Portugal conseguir chegar à fase final do Campeonato Europeu.

Ora , em tempo de crise, com tantas e tão deprimentes notícias envolvendo a economia nacional e, ao mesmo tempo, a economia nossa doméstica de cada dia... é reconfortante podermos desanuviar o ambiente com notícias destas... de gente tão bem sucedida profissionalmente e tão bem paga, apesar de tudo. Apesar de poder vir a ganhar menos que Carlos Queiroz e menos ainda que Luís Filipe Scolari, mesmo assim, Paulo Bento vai ganhar mais do que, por exemplo, um primeiro ministro.

E esta é daquelas notícias que, ao mesmo tempo e de súbito inspiram ideias estranhas. Por exemplo... porque não passar a escolher os governos da mesma maneira? Ou seja, em eleições directas como agora, mas com a diferença dos primeiro-ministros serem escolhidos como são os treinadores de futebol. Tanto faria que fosse português ou de um outro qualquer país... da Europa , vá, para não nos dispersarmos muito... Mas com a mesma lógica e uma remuneração idêntica. Porque, justiça lhe seja feita... apesar de tudo, parece mais importante governar bem um país que vencer uma taça num campeonato de futebol... Talvez por isso se justificasse também que um primeiro ministro ganhasse mais, ou no mínimo, o mesmo que um treinador de futebol...

Mas , justiça feita, sobraria essa vantagem... a de que os primeiro ministros haveriam de ser escolhidos preferencialmente e havendo dinheiro para isso, entre os melhores.
Quanto ao dinheiro... Também aqui se poderia adoptar o mesmo procedimento, ou seja, arranjar mecenas patrocinadores. Talvez isso obrigasse o primeiro ministro a aparecer em actos públicos de camisola, ou boné, com o logótipo dos patrocinadores. Seria estranho a princípio, mas com o tempo haveríamos de nos habituar.

Agora, a vantagem e a diferença substancial seria que os candidatos a primeiro ministro eram escolhidos em função dos bons resultados já conseguidos profissionalmente e não em função de inspirados dotes de oratória, ou a capacidade de arrumar mais promessas por metro quadrado.

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