terça-feira, 29 de junho de 2010

que desperdício

Está aqui uma entrada no JN, que não deixa de ser surpreendente...  acho eu.
E diz assim: "Coisas tão simples como confirmar o nome do doente e o sítio onde tem de ser operado não se fazem por sistema nos blocos portugueses. Vão passar a ser obrigatórios a partir de 1 de Julho. Sem custos, permitem reduzir para metade a mortalidade cirúrgica..."
Não vos surpreende?! Digo eu, que seja assim tão simples e que mesmo assim seja preciso uma espécie de decreto, para que a prática entre em vigor e assim reduza para metade as mortes ocorridas por erros cirúrgicos?...
Diz o JN, que a “Cirurgia Salva Vidas” – é assim que se chama o projecto - é uma das medidas a anunciar hoje, no dia em que se faz o balanço do 1º ano de funções do departamento da Qualidade na Saúde da DGS. A ideia – continua o JN – é aplicar a “Lista de Verificação da Segurança Clínica” – uma iniciativa da Organização Mundial de Saúde, anunciada em finais de 2008 como um desafio para a segurança do doente.
Nessa lista de verificação, um dos elementos a confirmar é justamente – para além do nome do doente... que parte do corpo é que é para ser operada... e não se riam, que ainda não há muito tempo por aqui passou uma história de um doente português que foi operado ao braço saudável, já depois de lhe terem preparado o braço doente para a operação...


Ainda no JN há esta outra notícia... enfim é notícia nos outros jornais também.
Foi em Moscavide, sábado passado e passavam também pouco das 4 da tarde. O homem – taxista reformado – tem dificuldades em andar, não tanto pela idade... 62 anos, mas porque tem uma perna artificial e desloca-se de muletas. Ia a atravessar a rua na passadeira... devagar, por razões óbvias. Acontece que o condutor perdeu a paciência com a lentidão do transeunte e saiu do carro para o agredir. Porque entretanto tinha caído o vermelho para os peões e o homem não se despachava a atravessar a rua...
Alguns carros contornaram o homem e seguiram caminho, mas este não. Diz o jornal que nem era ele quem ia a conduzir, mas uma mulher, só que foi ele quem perdeu a paciência e as estribeiras. Saiu do carro e atirou o homem ao chão com um murro na cara. Depois voltou a meter-se no carro e seguiu caminho.
Acontece também que entretanto e já em casa, no dia seguinte, pela hora do meio dia, este homem, o ex taxista agredido, estava a ver televisão, quando de repente deixou tombar a cabeça sobre o ombro e morreu.
Espera-se agora o resultado da autópsia, para apurar se há alguma relação causa-efeito, entre a agressão e a morte, menos de 24 horas depois... O caso foi registado pela PSP, que o encaminhou para a Judiciária.
E pode ser até que se conclua que não houve mesmo nenhuma relação entre uma coisa e outra... podia também, ter acontecido que ninguém tivesse morrido... poder , podia.... e até podia se calhar – se assim tivesse sido – não morrer ninguém – que esta história nunca tivesse chegado aos jornais.
O que seria uma pena... ficávamos sem saber, que em Portugal ainda há homens destemidos e valentes que, quando um paralítico se lhes atravessa no caminho a atrasar a vida, vão à luta e resolvem o problema ao murro.
E depois... ao mesmo tempo... que desperdício de talento, que desperdício de energia... enfim... que desperdício!

segunda-feira, 28 de junho de 2010

um engano qualquer tem

Vem com mais ou menos destaque em todos os jornais do dia... a indignação de Bento 16... as críticas do Papa, à forma como a polícia conduziu as investigações. Diz o I, em título: "Abuso sexual. Bento XVI critica métodos deploráveis da policia". No caso, a policia belga, que, quinta feira passada, revistou o Palácio do Arcebispo de Mechelen, sede da igreja católica belga, à procura de provas de crimes de pedofilia... A rusga incluíu a casa de um cardeal reformado e ainda os túmulos de 2 arcebispos, incluindo a cripta da catedral de saint-Rombout... Procuravam documentos sobre casos de pedofilia, supostamente escondidos nestes locais – escreve o I... o que o jornal não chega a dizer é se foram ou não encontrados alguns documentos comprometedores, ou incriminatórios... mas diz da indignação papal... "Métodos surpreendentes e deploráveis" – disse o Papa.. Em mensagem de solidariedade, enviada ontem ao arcebispo presidente da Conferência Episcopal belga, Bento 16 reiterou a disposição da Igreja em colaborar com a justiça civil, mas, haverá que ter em conta igualmente o direito canónico e o respeito pela especificidade e autonomia de cada um... De resto, lê-se na carta de Bento 16, que espera que "a justiça siga o seu curso e garanta os direitos das pessoas e das instituições, o respeito às vítimas, o reconhecimento sem prejuízo para aqueles que se empenham a colaborar com ela..." mas... mas, "com respeito pela Igreja". Segundo os jornais belgas , foi a própria Procuradoria Geral da República belga quem autorizou, que os túmulos dos arcebispos fossem abertos, para esclarecer se escondiam ou não documentos que provassem a conivência de altos titulares da Igreja, ao impossibilitarem que os sacerdotes que abusaram sexualmente de crianças fossem entregues à Justiça... o jornal escreve: "impossibilitar que não fossem entregues à Justiça..." - o que não faz grande sentido, mas enfim, um engano qualquer tem. Adiante.
Diz o jornal que a Santa Sé mostrou igualmente desagrado em relação à confiscação de telefones, computadores e sistema financeiro da arquidiocese de Bruxelas... O cardeal Bertone comparou mesmo, a detenção de bispos durante as buscas, a antigas práticas comunistas. Diz que foi um acto muito sério e inacreditável. O Vaticano – diz ainda o I – lamentou por exemplo e também que a privacidade das vítimas não fosse protegida... e aqui ficamos sem saber, a que vítimas se refere o Vaticano... às vítimas de abusos sexuais, ou a estes prelados, que foram agora incomodados pela rusga policial... O ministro belga da Justiça acha que o Vaticano está a exagerar na reacção e que se baseia em informações falsas, sobre o que realmente se passou. Recusa-se entretanto a falar em incidente diplomático. Entretanto, também, a arquidiocese de Bruxelas admite vir a processar o estado belga.

há mais vida, para além do futebol

E esta é uma questão que se levantou na cabeça de muita gente, ao ver a goleada que Portugal infligiu à selecção da Coreia do Norte, no mundial da África do Sul...

Hoje o jornal Público abre duas páginas sobre o assunto e escreve assim , em título: "Os norte coreanos vão para casa. Ou para o Goulag..." Acrescenta-se depois, em sub-título: "o futuro dos jogadores norte coreanos, depois de uma humilhante derrota no Mundial, é um exercício de adivinhação". Mas há exemplos suficientes para se temer o pior... o jornal destaca mesmo uma declaração de um certo Moon Ki-nam – ex treinador norte coreano, que desertou do país em 2006... diz Moon Ki-nam: "os jogadores e o treinador são presenteados com enormes casas quando vencem. Mas quando perdem vão trabalhar para minas de carvão". o Público acrescenta entretanto... ou isso, ou vão para campos de trabalhos forçados, para o resto da vida. Noutros casos, menos violentos, os jogadores derrotados perdem alguns privilégios e ficam impedidos de sair do país. A hipótese menos provável é não lhes acontecer nada. Enfim, nada de tão desagradável.
O actual treinador norte coreano já disse publicamente que não acredita que vão haver castigos. O desalento da derrota, sim, mas nada mais que isso. Reconhece que falhou o objectivo e quer desculpar-se perante o povo, mas não acredita que o governo norte coreano vá castigar os jogadores e a equipa técnica por causa disso...
Como curiosidade... e citando um analista do Comité dos Direitos Humanos para a Coreia do Norte... os gulag, ou campos de trabalho, na Coreia do Norte são chamados de campos de treino laboral... um eufemismo, diz ele.
Mas, a questão mesmo e onde queria chegar era aqui... sabendo-se, como já se sabia, ou especulava, que este era o cenário provável que esperava a selecção norte coreana, em caso de uma derrota tão pesada e até quase humilhante... não teria sido mais justo, mais sábio. ou apenas mais prudente... deixá-los ganhar?...
Além do mais... como se costuma dizer... há mais vida, para além do futebol... e aqui, já sem eufemismos .

sexta-feira, 25 de junho de 2010

oh rosa arredonda a saia

Ora vamos lá então a esse Portugal Brasil!
A única vez, que as duas seleções se confrontaram em mundiais de futebol, foi em 66, como toda a gente sabe. Portugal venceu por 3 a 2, com dois golos de Eusébio e um de Simões. Rildo marcou pelos canarinhos... depois, há esse outro jogo, o de 2008, a 19 de Novembro, se bem se lembram, em Gama, arredores de Brasília, em que Portugal voltou a enfrentar o Brasil, perdendo nessa altura por 6 a 2... Carlos Queirós diz que - onde é que isso já vai , que ele já nem se lembra onde fica a Gama e que essa derrota histórica foi já ainda no tempo do próprio Álvares Cabral...

Enfim, os jornais entram hoje por tudo quanto é porta, ou pequena frincha, que se abra sobre o jogo desta tarde. Olha o Económico, por exemplo: Brasil ganha a Portugal no campeonato dos negócios. Pois parece que sim, que no mundo dos negócios, o Brasil leva vantagem. Com uma economia a crescer 5%, os empresários brasileiros abrem cordões á bolsa para fazer compras em Portugal. Depois da Cimpor e da CCR (Companhia das Concessões Rodoviárias), segue-se a entrada da Petrobrás na Galp. No caso da CCR, diz o Económico que a Brisa não teve fôlego para acompanhar a passada da brasileira CCR e acabou por vender, esta semana, a totalidade da sua participação. Foram 1.200 milhões de encaixe – conclui o Económico, em sub-título

E já que estamos no campo da economia, saltemos para o Jornal de Notícias... o JN escreve que as vendas para o Brasil subiram 104%, mas que , apesar das exportações em alta, Portugal sai a perder nas trocas comerciais. Bacalhau a azeite são os produtos mais exportados. No entanto continuamos a comprar mais do que vendemos... Este ano e nos primeiros 5 meses , continua o JN, Portugal investiu 170 milhões no Brasil.
Sem sair da mesma página caem-nos os olhos sobre a fotografia da casa de Américo Varge... mora em Espinho e para dar força à selecção pintou a casa com as cores da bandeira nacional. Rigorosamente. Metade da fachada é verde, com uma janela ao meio, a outra metade vermelha, com outra janela ao meio. E no meio das duas janelas, a esfera armilar impecavelmente desenhada...

As outras formas de apoiar a selecção passam naturalmente pelas camisolas. E acontece – é já notícia do Correio da Manhã e do DN e do 24 Horas também - que o pequeno Mathis não pode ir para a escola com a camisola da selecção e os pais estão indignados com isso. Os pais e toda a comunidade portuguesa de Petit Champs- Ronds, em Messy, na França. Que é lá que o caso se passa. Os pais do pequeno Mathis estão de tal forma indignados que já dizem que para o ano mudam o filho de escola.
Indignado está também Cristiano Ronaldo. Aqui o caso tem a ver com a música que acabou por ser tida como o hino nacional da selecção portuguesa. Um disparate, como sabem... a canção escolhida para hino da selecção portuguesa foi o single de uma banda norte americana... uma banda que até veio a Portugal dar um ligeiro concerto com palmas e vivas a Portugal. Acontece que entretanto e já na cerimónia de inauguração do campeonato, alguns elementos dessa mesma banda actuaram com uma bandeira do Brasil a fazer de capa do super-homem e manifestando publicamente o apoio à selecção canarinha. Por isso Ronaldo já não assobia o "I got a feeling" e diz que agora, pelo menos para ele, o hino da selecção nacional é outro. Curiosamente também, uma canção estrangeira. No caso, de um músico somali, naturalizado canadiano...

Ora entretanto, o jogo de hoje disputa-se em Durban, cidade por onde Pessoa passou e onde hoje o Mercury, que lhe chegou a publicar alguns textos sob pseudónimo, sai  com uma edição especial em português. Acontece também, por coincidência, que a actual director do jornal é filha de portugueses, no caso, portugueses da Madeira. Quanto mais não fosse por isso,  a edição especial do Mercury de hoje traz a fotografia de Cristiano Ronaldo na primeira página.

E de saída regresso ao Correio da Manhã para vos ler esta passagem: “se a alma que sente e faz conhece só porque lembra o que esqueceu, vivemos raça, porque houvesse memória em nós do instinto teu".
E o Correio da Manhã publica este excerto da mensagem de Fernando Pessoa supostamente como cântico de coragem ... agora para quem?!... Para os jogadores, para os adeptos da selecção nacional portuguesa?... pode ser que sim... pode ser que a mensagem lá chegue... assim eles entendam o que é que Fernando Pessoa quis dizer com esta conversa. “ se a alma que sente e faz conhece só porque lembra o que esqueceu..." Pois sim, está bem e "oh rosa arredonda a saia", já agora!...

uma tristeza

Tristeza não tem fim
Felicidade sim
A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar


Vinicius de Morais, para música de Antº Carlos Jobim...
Pois o I desta sexta feira traz o assunto à conversa, na boleia de um estudo que garante que a felicidade se mede e constrói de forma quase científica. Comecemos pelo quase óbvio: Todo o mundo quer felicidade...
Todo o mundo e um estudo recente mostra que em todo o mundo, ou pelo menos em 148 países estudados, Portugal aparece em 78º lugar na lista dos mais felizes. Em sub-título à matéria, o jornal escreve que, segundo os rankings de felicidade, Portugal é dos países mais tristes. Enfim, verdade seja dita que, se estamos a ter em conta uma lista de 148 países e Portugal surge nessa lista em 78º lugar, acaba por ser uma posição que não chega para se dizer que é o mais triste ou mais alegre. Se começarmos pelo nº1 e esse for o mais triste de todos... Portugal é o 78º... , ou seja, há 77 países mais tristes que o nosso...se for o 1º o mais alegre, Portugal continua a ser o 78º, com mais 70 países a viver numa tristeza maior que a nossa... portanto, entre-se por que porta se entrar nesta tabela, Portugal fica sempre mais ou menos ao meio caminho. Talvez que, nesta forma que o jornal escolheu para classificar a nossa pontuação,  se revele um pouco o segredo da nossa infelicidade... este, de nos considerarmos uma tristeza. Adiante...
Diz o jornal que a felicidade se divide e mede cientificamente em dois patamares distintos: o nível de afecto e o nível de realização pessoal. Daí que, um dos segredos de alcançar a felicidade é estabelecer objectivos de vida. Por mais insignificantes que pareçam, ou sejam, realmente... pode ser planear o que se vai fazer no dia seguinte. Não importa, desde que se fixe uma meta e se trabalhe e ocupe a cabeça na perseguição desse objectivo; mais ainda, se anteciparmos o prazer que essa vitória nos vai dar...
Há no entanto que ter cuidado. Manda a prudência que não se fixem metas inalcançáveis. Que não se tente dar o passo maior que a perna... Porque, parece que está provado,  esbarrar-se em obstáculos inultrapassáveis pode gerar um sentimento de frustração arrasador... 
Ainda segundo os especialistas, viver o momento é importante. Aprender a tirar partido das situações que se nos apresentam... Outro aspecto, que haverá de ter em conta, é o próprio conceito de felicidade. Ou seja: o que é isso da felicidade, afinal de contas?... Porque muita gente passa a vida à procura dela e muitas vezes não se apercebe que a felicidade é aquilo que lhe está a acontecer nesse momento. Ou porque põe o conceito num patamar tão elevado e vago e mirífico que se torna impossível alguém alcançà-lo nesta vida.
Seguem-se ainda algumas dicas para ser feliz... são de um psicólogo e professor da universidade inglesa de Hertfordshire... autor do livro: "59 segundos – mude a sua vida em menos de um minuto".
Pois então, algumas dicas de Richard Weisman ...
Estar grato. Enumerar 3 coisas, pelas quais devemos estar gratos à vida, pode aumentar significativamente o nível de felicidade...
A seguir é que a coisa se complica... diz que elogiar o esforço das crianças também... mais o esforço do que as realizações... e aqui quase se cai em contradição com o que ficou dito lá atrás... que a frustração de um falhanço pode ser arrasadora... pois , esta última hipótese parece mais razoável: a de elogiar o esforço, mais que a vitória. Tanto mais que muitas vitórias chegam de bandeja e aprender a lidar com a frustração faz parte do B-A-BA da educação.
Depois diz que escrever sobre a relação também ajuda... esta exclui obviamente quem vive sozinho... é pena! E mais esta... ter plantas no escritório... que também ajudam a reduzir o stress e a induzir o bom humor... e então, se as plantas estiverem, em vez de no escritório, num alpendre rasgado sobre a praia, com a música das ondas embalando-nos o ripanço... então aí, a felicidade há-de ser ainda maior... pelo menos mais luminosa.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

básicamente bardamerda

Pois, se os títulos e as manchetes não chegam, aí temos toda uma primeira página a revelar à luz da evidência o real estado da economia nacional. Assim mesmo, a capa do Diário Económico – nem de propósito, nada melhor que um jornal de economia para nos esclarecer com autoridade e sem sofismas – o Diário Económico portanto ... a capa do Diário Económico de hoje divide-se em duas partes distintas e separadas transversalmente por uma fina linha negra. Do lado de cima, os títulos que anunciam que o acordo entre o Governo e o PSD coloca portagens em todas as SCUT e que a oferta da Telefónica pela Vivo está em risco de ser anulada e - por baixo da fina linha que divide a capa em duas... outro anúncio... e neste caso, pode mesmo falar-se em anúncio, já que é de publicidade que se trata. Antes de mais convém dizer, em abono da verdade, que a capa não está rigorosamente dividida ao meio. A parte de baixo é maior que a de cima... mas... o anúncio... o anúncio é a uma conhecida marca de azeite. Um azeite que , diz o anúncio – é o melhor do mundo e que foi mesmo eleito pelos maiores especialistas mundiais em azeite... que ganhou um primeiro prémio num concurso internacional, aliás, acrescenta-se logo a seguir – o mais reconhecido concurso internacional de avaliação de azeites...

Ora aí está... não que a economia nacional está na mão de azeiteiros... não era aí que queria chegar, mas que a economia nacional força jornais, tidos como sérios e respeitáveis, a ocupar meia página, logo a da capa, com um anúncio que, tanto pelo espaço que ocupa, como pela própria mancha gráfica, acaba por ser mais evidente e chamativo que os próprios títulos das notícias propriamente ditas, que o Diário Económico  trás hoje para contar. Ou talvez não. Talvez o Económico reflicta hoje em primeira página o retrato fiel da sua própria economia, ao ceder à publicidade paga o espaço que haveria de ser das notícias do dia. E mais tendo em conta que é da capa do jornal que se trata... as notícias mais importantes do dia... Pois hoje, pelo menos para o Diário Económico, mais importante que as SCUT ou o desfecho desta guerra das telecomunicações... é o azeite.
E se alguém disser que, pois sim, mas, se virarmos essa página, vemos que a que se segue é em tudo idêntica, mas sem a publicidade e com o resto da actualidade a completar de forma mais normal e comum o espaço de toda a página... aí respondo que quem passa na rua e vê o jornal no quiosque não pode adivinhar isso. E se chegar à banca e começar a folhear o jornal, para ver o que se segue, o mais que lhe pode acontecer é o ardina correr com ele dali para fora, que se quer ler jornais de graça vá à Hemeroteca Municipal .

E hoje foi assim... ou antes , se me permitem, só mais esta.
É a capa e manchete do 24 Horas... "Como Manuela quer tramar Sócrates em tribunal..."
Aí está uma coisa que deveria interessar relativamente pouco ao leitor... se fosse, como Manuela, ou Antónia, ou Joaquim, para o caso é igual... como querem apurar a verdade e esclarecer responsabilidades sobre fosse o que fosse... até aí... iríamos sem esforço e até com alegria. Agora tramar é outra coisa e a Justiça não se inventou para tramar ninguém... para tramar Sócrates, como diz a manchete, Manuela poderia, por exemplo, esvaziar os pneus do automóvel do primeiro ministro, quando ele fosse já atrasado para algum compromisso sério... ou telefonar-lhe durante a noite, de 15 em 15 minutos, a pedir desculpa que foi engano...

E já agora... o Público. 
O Público e as SCUT. Em infografia de página inteira, o jornal publica um mapa de Portugal, onde pintou a rosa e laranja alguns distritos. Diz a legenda: "PS e PSD repartem quase por igual o número de deputados nos distritos atravessados pelas 7 SCUT com cobrança já prevista para dia 1 ou ainda a portajar."  E?!... E nada.
Ainda no Público, mas já em registo de reportagem: "Cientistas portugueses à procura de burros selvagens na China". Enfim! Talvez que o dia não esteja ainda perdido, afinal de contas.

E vamos à crise...
Diz o Público que a Ernst and Young, uma consultora, traça um cenário negro para a economia nacional – presume-se que – portuguesa – a economia nacional portuguesa, que, segundo as contas desta Ernst and Young , só há-de sair da recessão lá para 2012...
E como já vimos, a crise de que se fala é sem dúvida uma crise económica, com recessão e tudo...

Pois saltemos para a página do lado, onde o título anuncia que os bancos portugueses mantêm travão a fundo na concessão de empréstimos às famílias e empresas...
Fala-se do crédito mal parado, que se aproxima dos 3% do bolo total concedido pelas instituições financeiras... acrescenta-se que os bancos que operam em Portugal mantiveram esse travão a fundo na concessão de créditos, no mês de Abril. Os números divulgados ontem pelo Banco de Portugal dizem que o total de empréstimos concedidos às famílias e às empresas atingiu e passou dos 4 mil milhões de euros, o que dá menos 23% do que em Abril do ano passado.
Ainda segundo a leitura do Banco de Portugal , esta contenção estendeu-se a todos os sectores: habitação, consumo, investimento das empresas...
E porquê?... Porque, naturalmente, os bancos não acreditam que esse dinheiro emprestado possa ser devolvido a tempo e horas e com os juros devidos?... Tudo leva a crer que sim. Aliás, a expressão: crédito mal parado - mais não quer dizer que isso mesmo...
Mas o jornal diz que talvez não seja isso. Diz que – e citemos: "a redução do crédito às empresas e famílias está directamente relacionada com a dificuldade crescente dos bancos em recorrerem ao mercado interbancário para financiarem a sua actividade".
Ou seja, pelo que se depreende, os bancos estão a ter dificuldade em encontrar outros bancos que lhes emprestem dinheiro... ou antes, em linguagem mais apropriada... que lhes concedam crédito. E aqui a palavra crise começa a apontar a mira a outros alvos. Não tanto uma crise de recessão económica, mas mais uma crise de confiança, ou antes, de falta dela. Uma espécie de surto de desconfiança, em que ninguém acredita em ninguém, muito menos na palavra dada. Talvez que os exemplos mais recentes justifiquem essa desconfiança pandémica... Talvez, sem que déssemos conta, o conceito se fosse interiorizando... de que, apesar do ar sério e respeitável... há muita gente que não é mesmo de fiar...
E conclui assim, este parágrafo da notícia: "em consequência disso, as condições impostas para conceder um empréstimo são mais onerosas e as pessoas acabam por abandonar o pedido de crédito".
Ora, contornemos educadamente essa outra desconfiança, de que a Banca se está a aproveitar da crise económica e das dificuldades financeiras de uma parte da população portuguesa, para amealhar mais uns trocados... e vamos direitos à parte boa da notícia... que ele há sempre uma Bela para cada senão... e neste caso... a bela notícia é que talvez assim... começando gradualmente a abandonar esse solidó de viver a crédito, a gente vá começando a descer à terra e habituando a viver com o que realmente é capaz de produzir – ia a dizer - e de consumir também, mas fiquemos por aqui... começar a gente a habituar-se a viver com o que realmente tem.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

o algodão não engana

o que é razoável e o que é abuso

Ora, ainda não há muito tempo que os jornais falaram deste "barão vermelho"... Aliás, Alexandre Alves, o empresário que ganhou este cognome já no tempo em que dirigia a FNAC – a outra, a do ar condicionado, que entretanto faliu. Chamaram-lhe "barão vermelho", pelas conhecidas ligações ao Benfica e também ao PCP.
E, falou-se de Alexandre Alves, porque o Governo se preparava para lhe conceder um apoio financeiro de mais de 100 milhões de euros, para abrir uma empresa de painéis solares em Abrantes.
Hoje volta a ser notícia, no Correio da Manhã, porque - diz o título: "Tribunal arresta bens do barão". O arresto judicial foi decretado em Fevereiro deste ano. Em causa estão dívidas ao Fisco e à Segurança Social, relativas a uma outra empresa de que Alexandre Alves foi presidente até ao ano passado, ano em que a empresa foi dissolvida. Diz o Correio, que a decisão do tribunal tributário refere que a dívida é relativa ao exercício de 2006. O total da dívida, entre IRC e IVA chega e passa dos 3 milhões de euros... Não será a informação mais relevante, mas fica para que conste... a empresa de que estamos a falar é a "OXMOR – Compra e Venda e Investimentos Imobiliários", empresa promotora do Retail Park de Portimão... Como, à altura da dissolução, a empresa não teria bens suficientes para saldar as dividas, o tribunal decretou então o arresto dos bens dos administradores, Alexandre Alves incluído, naturalmente.
A advogada do empresário nega até que exista actualmente um processo de execução fiscal, contrariando igualmente as contas da Direcção Geral de Impostos. Já o tribunal sublinha que os gestores da OXMOR, "no período a que se refere este crédito fiscal, administraram sociedades relacionadas com a actividade da sociedade referida, cujo capital pertence a sociedades sedeadas em paraísos fiscais, arrastando todas essas sociedades, há vários anos, dívidas ao Estado". Fim de citação.

Outra citação, no caso, de Basílio Horta, presidente da AICEP – a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal... que a Associação "não toma conhecimento de decisões dos tribunais relativas a pessoas singulares", mas deixa claro que os incentivos agora disponibilizados pelo Governo para o novo projecto de Alexandre Alves só foram autorizados porque "o empresário demonstrou previamente à celebração deste novo contracto que tinha a situação contributiva regularizada, tanto com as Finanças como com a Segurança Social", tal como a lei exige... Diz também, Basílio Horta, que, de qualquer forma, e antes mesmo do pagamento desses apoios... já o dissemos... perto de 128 milhões de euros... que antes disso, se voltará a confirmar se é mesmo verdade que Alexandre Alves tem as contas em dia com o Fisco.

Contas... contas...
Ainda no Correio da Manhã, mas já em letra mais pequena... Sondagem do Eurobarómetro.. os portugueses são os terceiros, na Europa dos 27, a admitir que têm mais problemas a pagar as contas ao fim do mês. A nível europeu, um em cada 6 cidadãos reconhece viver numa permanente aflição e dificuldade em cumprir esse tipo de compromisso : pagar as contas. Em Portugal, 7% dos inquiridos admitiu mesmo que as deixa por pagar, enquanto para 39% a situação é apenas aflitiva. Piores que nós só mesmo os gregos e os letões.
Enfim, isto se falarmos só naqueles que ainda se preocupam realmente com isso. Com não ter dinheiro para pagar o que devem...


"Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque e Macário continua a ser Macário."
E é assim, que o Diário Económico puxa hoje para a conversa a mais recente decisão do presidente da Câmara de Faro.. a de limitar, ou proibir mesmo as idas ao café, dos funcionários camarários, durante as horas de serviço.
Escreve, por sua vez, o 24 Horas: "Macário quer castigar quem passa a manhã no café."
Consta que primeiro alertou as chefias para o problema... mas que não teve grande sucesso. Por isso, o presidente da Câmara, Macário Correia, prepara-se para proibir as idas ao café durante o horário de expediente... O próprio bar da Câmara passa a ter um horário mais limitado... Acontece que, anteriores presidências da Câmara de Faro, reconhecendo que o bar da Câmara era um pouco acanhado, decidiram permitir que os funcionários saíssem e fossem tomar o pequeno almoço, ou fazer uma pausa, no café fronteiro à Câmara... Acontece também que, ao que parece, as pequenas pausas tornaram-se em grandes pausas, deixando muita gente em fila de espera para ser atendida, nos balcões dos serviços camarários. Isso é que indigna Macário Correia. Que os funcionários são pagos para trabalhar e atender os munícipes e não para ficarem à conversa, tempos esquecidos na esplanada do café...
Põe-se a hipótese de aplicar uma falta não justificada aos futuros prevaricadores. Cortar-se-lhes mesmo no ordenado... Macário Correia diz que há casos em que por lá se deixam ficar à conversa maia hora e mais. Diz que tem identificados dezenas de casos desses. Largas dezenas mesmo...
Entretanto, o Sindicato da Função Pública vai investigar, a ver até que ponto é mesmo assim e até que ponto haverá mesmo razão para a medida que o presidente quer agora tomar... Vamos partir do princípio que os funcionários questionados respondem mesmo a verdade...
Já quanto a pausas para café... Enfim, a ideia não será acabar de vez com elas, mas o presidente acha que o bom senso deve imperar.... o bom senso e a responsabilidade de cada um é que devem determinar o que é razoável e o que é abuso, quanto a tempo limite para uma pausa para café.
O 24 Horas relembra entretanto outro caso. O da Câmara de Coimbra, onde o presidente Carlos Encarnação foi obrigado a barrar o acesso ao Facebook, nos computadores da Câmara, depois de descobrir uma funcionária toda entretida, a jogar joguinhos on line, em vez de estar a trabalhar...
Macário Correia admite também ir progressivamente cortando o acesso dos computadores da Câmara de Faro, a esses sítios de converseta e convívio social on line.
O jornal I, que também destaca a matéria, como aliás todos os outros com maior ou menor desenvolvimento... mas o I escreve entretanto que , segundo um estudo independente, Portugal e França são os países da União Europeia onde os funcionários públicos trabalham menos horas por semana... 35 horas, em média e em 2008... a média europeia está nas 38 horas, pouco mais... Os que mais trabalham são os austríacos, luxemburgueses e suecos. Aqui, o horário da função pública é de 40 horas semanais.
Ora, como já vimos, pelo menos no caso português, ou nalguns casos portugueses, para não ofender ninguém... há de facto uma diferença entre o que se considera o horário de trabalho e horas de trabalho... seja como for, Portugal é ainda dos que têm um horário mais ligeiro na Função Pública...

E já de saída deixo-vos ainda com esta declaração de Macário Correia, transcrita pelo jornal I...
Diz o presidente da Câmara de Faro: "temos prazos a cumprir e tenho mais funcionários do que preciso. Era desejável que não fossem tantos. Ainda assim os serviços municipais têm milhares de processos atrasados. Cidadãos e empresas esperam ansiosamente por respostas. Entretanto , dezenas de funcionários passam horas do tempo dos contribuintes em amena conversa nos bares..."

Ora aí está talvez a resposta... se é mesmo verdade que têm funcionários a mais, talvez alguns vão para o café e se deixem por lá ficar, só para não estarem na Câmara a atrapalhar o trabalho aos colegas...
Quiçá!...

terça-feira, 22 de junho de 2010

a mota é liiiiiiiiiiiiiinda!

Vem no 24 horas: "Catedral de lixo no chão". Assim mesmo.
Em Austin, Texas. O edifício, construído no jardim de uma casa particular, já ia com 10 metros de altura. Todo feito a partir de lixo... uma catedral feita com lixo, era a ideia do criador, só que os vizinhos opuseram-se por uma razão simples, tinham medo que aquilo caísse tudo ao chão. Acontece que o edifício já começou a ser construído em 1988, há 22 anos, portanto... Neste momento, tinha já  10 metros de altura e 60 toneladas de lixo acumulado... Acabou agora demolido pela polícia, indo todo o material para uma central de reciclagem.

Mas nem era deste edifício, que vos queria falar. Antes deste outro, que faz notícia em mais que um dos diários desta terça feira. Este outro tem 60 metros de altura, o que perfaz 15 pisos e 111 apartamentos... o nome é distinto : Estoril Sol Residence... os vizinhos chamam-lhe uma aberração.
Vamos aos factos.
Foi há 3 anos, que começou a ser construído, à beira da marginal e à entrada de Cascais (p'ra quem vai de Lisboa...) Rés vés ao jardim, onde se celebrava o Festival de Jazz do Estoril, o parque de Palmela. O festival mudou de sitio por causa das obras , passando, em 2008, para a Fortaleza de Cascais e este ano para o Casino... adiante... Foi há 3 anos, que começou a ser construído à beira da marginal, rés-vés ao  parque de Palmela e portas meias com o novo hotel Estoril-Sol. E acaba de ser considerado pronto para habitação.
Ora, se bem se lembram, a notícia levantou muita espuma na altura... A demolição do velho e histórico Estoril-Sol, que, apesar de toda a importância e significado simbólico, haveria de reconhecer que não respeitaria o chamado impacto ambiental... coisa de que muito provavelmente nem se falava, à altura da construção do velho hotel... Mas hoje fala-se. E por isso mesmo, o novo hotel Estoril-Sol foi obrigado a ter esse pormenor em conta, no plano de construção - o do impacto ambiental. E admitamos que o novo Estoril-Sol até acabou por se aninhar com algum recato na encosta que ladeia a marginal. Passa até , diria que , discretamente, no filme da paisagem.... É de crer que os vizinhos terão respirado de alívio, quando viram a obra acabada. De facto, o novo Estoril-Sol, sem perder a imponência e o garbo, acaba por ser mais discreto que o antigo edifício... como se espera que seja toda a elegância, afinal de contas... discreta. Já o mesmo não se pode dizer das tais torres, que acabam de ser inauguradas com o pomposo nome de Estoril Sol Residence... Já olhar para os andaimes, da obras a crescer, fazia temer o pior...e por fim, o pior acabou mesmo por acontecer.
Não vamos perder tempo em considerações de estética, a dizer que é bonito, ou simplesmente aberrante... Fiquemos só pelo que fez correr tanta tinta na altura, chegando mesmo  a comprometer  a construção do novo hotel... a questão do impacto ambiental... do desfear da paisagem. E, meus amigos, se há coisa pouco discreta... é sem dúvida este Estoril Sol Residence. Posso garantir-vos que, por exemplo, na fotografia que o Diário de Noticias publica, parece até que a imagem deste Estoril Sol Residence  foi recortada de um sítio qualquer e colada depois em cima da fotografia da marginal do Estoril. Em primeiro plano vê-se ainda um antigo palacete, debruçado sobre a praia; em fundo, a mancha verde do parque Palmela, ou do que eventualmente restará dele e – sejamos francos... nesta fotografia fica-se mesmo sem saber se não seria melhor mandá-lo abaixo, como no Texas fizeram à tal catedral de lixo...
Mandá-lo abaixo... ao velho palacete, claro! Que está ali especado, à beira da praia, armado em verso de pé quebrado... Coisa sem jeito, nem respeito!
como sugestão, depois de mandarem o palacete ao chão, aproveite-se o espaço para um parque de estacionamento, ou baldio de luxo, para os futuros habitantes do Residence levarem os cãezinhos a cagar...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Maria Joaquim ou Joaquim Maria

A notícia passou ontem por aqui e hoje o Diário de Notícias volta a ela, mas de forma bem mais resumida , se bem que ilustrada... Inédito- avisa a legenda... depois continua: "Vistos de cima, os chapéus de 120 mil judeus ultra ortodoxos formavam uma verdadeira maré negra nas ruas de Jerusalém. Manifestavam-se contra o convívio entre crianças sefarditas e as que já frequentavam uma escola de asquenazes..." Sefarditas – judeus do Oriente... asquenazes – judeus do centro e leste da Europa, descendentes dos sobreviventes do holocausto nazi. 
A legenda não diz se foi ontem ou ante ontem.
Ontem, o que se sabia é que este protesto se baseia na alegada diferença de mentalidades entre os dois ramos do judaísmo...

E hoje...
Hoje, todos os jornais falam disso e o I até faz manchete com o assunto: "Luxemburgo investiga e-mail xenófobo contra 100 mil portugueses." Acrescenta-se que a polícia terá feito circular esse texto , onde Portugal é comparado, por exemplo, ao Afeganistão...
Diz o jornal, que a mensagem original partiu da Alemanha e que entretanto alguém acrescentou Portugal à lista. Ora, a mensagem... sugere que os cidadãos luxemburgueses partam ilegalmente para outros países, como o Paquistão, Afeganistão, Iraque, Nigéria, Turquia, ou Portugal e que façam como os imigrantes desses países alegadamente fazem quando chegam ao Luxemburgo... exigam que todos os documentos oficiais sejam traduzidos para a sua língua materna, peçam imediatamente cartas de condução, permissão de residência e tudo o que lhes vier à cabeça , com carátcer peremptório e definitivo... a mensagem acusa entretanto os imigrantes de não fazerem um mínimo esforço para se integrarem.

Já o Público acrescenta que, nesse mesmo texto, os portugueses – e os outros... afegãos e por aí fora - são acusados de abusarem da hospitalidade luxemburguesa e, também, por exemplo, de conduzirem sem seguro e terem múltiplas mulheres...
A provocação portanto é convidar os luxemburgueses a fazerem o mesmo , se estiverem descontentes com o comportamente desses imigrantes... partirem também, abandonarem o Luxemburgo sem preocupações de vistos ou o que seja... quando chegaram ao país de destino pendurem uma bandeira do Luxemburgo na janela e pronto; olho por olho, dente por dente, a vingança serve-se fria e outros aforismos...
Ora, do lado das reacções, houve já quem achasse intolerável o tom e conteúdo da mensagem... quem a remetesse para o patamar da simples brincadeira de mau gosto... quem, como o ministério luxemburguês do Interior , recusasse a acusação de racismo e xenofobia e houve quem, como o cônsul José Rosa, que ficou particularmente indignado... Vamos ouvir: "Não estou a dizer que deve haver discriminação contra esses países, mas incluir Portugal no grupo de nigerianos, paquistaneses e afegãos..." Ora, o espanto do cônsul deve desconhecer que há ainda muita gente por essa aldeia global que ainda pensa que Portugal faz parte da Espanha...
De resto, se a provocação partiu, como alguns pensam , de movimentos nazis na Alemanha, não espanta o tom xenófobo do texto... se alguém pensa realmente que em Portugal se pratica a poligamia... a questão nem chega a ser preocupante... há países em que ela existe e não será por aí que vem mal ao mundo... de resto , a ignorância também se cura.
Já quanto a essa outra questão, de sentir-se uma pessoa ofendida com esta ou aquela provocação, ou tentado insulto... a verdade é que muitas vezes o melhor mesmo é não dar resposta... que a parvoíce quer é conversa.
Acham que Teixeira dos Santos ficou particularmente ofendido quando aquele outro camarada europeu (ministro luxemburguês) lhe passou a mão pela cabeça, com ar paternal, perante as objectivas da imprensa de todo o mundo?... Se bem se lembram da fotografia... era, no mínimo, patética... parecia que o ministro luxemburguês estava a acariciar um caniche, que tivesse acabado de fazer uma gracinha... Nem que fosse em privado, o ministro português bem podia ter dito ao camarada europeu : "ouve cá, quando for assim vais fazer festinhas na careca do Pai Natal, combinado?...

E se estamos em maré de discriminação, xenofobia, atentados à dignidade e por aí fora... continuemos então. Vem no Público, que o Bloco de Esquerda quer puxar para a agenda parlamentar, logo a seguir às férias de Verão , mais um tema fracturante. No caso , a alteração de sexo. 
O dossier, chamemos-lhe assim... o dossier transsexual. "Uma questão de dignidade e direitos", escreve o Público, citando José Moura Soeiro, deputado bloquista, entrevistado pelo jornal.
"O Bloco quer tirar da esfera judicial o processo de mudança de sexo, por forma a torná-lo mais rápido do que os actuais 8 a 9 anos que costuma demorar." Actualmente, o processo médico legal impõe que se façam "várias avaliações médicas, tratamentos destinados a ajustar as características físicas do candidato às correspondentes ao sexo e aguardar um parecer da Ordem dos Médicos, que pode demorar 3 anos..."
Para o deputado Moura Soeiro , esta é "uma questão de direitos básicos das pessoas" e por isso gostava de ver no parlamento uma maioria que permitisse dar mais direitos aos transsexuais... Uma mudança que, no entender de Morura Soeiro, ajudasse a minorar os problemas de discriminação... e dá um exemplo. O exemplo de quem vai a uma entrevista de emprego e se apresenta como homem, sendo que o Bilhete de Identidade o identifica como mulher... O exemplo citado não diz se a oferta de trabalho seria para um homem, ou para uma mulher, mas, para o caso, não deverá fazer grande diferença, quanto mais não seja porque se cita um estudo europeu, que garante que 80% dos transsexuais não têm acesso ao trabalho , o que representa uma brutal forma de exclusão.
Portanto o Bloco propõe que "a alteração do registo do sexo seja apenas civil, com a apresentação de documentos médicos que comprovem a ausência de qualquer transtorno de personalidade, que viva há pelo menos 2 anos no sexo social desejado, ou esteja há pelo menos um ano em tratamentos hormonais..." Pretende ainda o Bloco que a mudança de sexo deixe de ser anunciada por edital e que se possa manter os mesmo nºs no Bilhete de Identidade e na Segurança Social...

De temas fracturantes se tem falado bastante ultimamente... e não só a propósito de sexo. Certamente que, a ser interrogado sobre a matéria, Portugal haveria de dividir-se quanto à solução para a crise económica que vive actualmente... Já quanto a direitos básicos da pessoa humana... também aqui haverá quem ache que direito básico mesmo é o paõzinho para a boca e aprender a escrever... o nome no BI, por exemplo... Maria Joaquim ou Joaquim Maria... tanto faz.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

shalom aí, pessoal, com que então não haveis aprendido nada...!

A notícia vem da Cijordânia e mais concretamente do colunato judaico Immanuel... Emanuel, que como bem sabeis quer dizer – Deus connosco, mas isso para o caso agora pouco importa...

Diz assim, a breve no Público: "Há judeus a preferir a prisão à mistura com outros judeus". Ora acontece que o caso se arrasta já há meses. Um grupo de 80 judeus asquenazes não querem que as filhas estudem na mesma escola onde andam as filhas dos judeus sefarditas.
Acontece também que, ante-ontem, o Supremo Tribunal da Justiça fez o ultimatum... ou as crianças voltam para a escola, ou os pais vão presos, por duas semanas... e eles: ´bora lá! Ou seja, preferiram ir presos – diz o jornal que, em nome da causa... para demonstrarem a devoção à causa... O Supremo israelita e também o ministério da Educação tinham já decidido que haveria de acabar-se com a discriminação na escola do colonato judaico de Immanuel... mas sem grande resultado. Este grupo, de 80 judeus asquenazes, resolveu, mesmo assim, retirar as filhas da escola. Diz que em protesto.
Em Dezembro – conclui o Público... em Dezembro, um dos pais deste grupo tinha explicado a um jornal israelita que ter as filhas a estudar ao lado de outras crianças –judias sefarditas - era "o mesmo que pôr africanos e americanos juntos..." Porque – no entender dele – "não é possível estudarem juntos com tamanhas diferenças mentais."

O jornal não chega a explicar, a que causa se refere a luta destes judeus asquenazes, nem chega igualmente a explicar, que tipo de juízo de valor farão, estes judeus asquenazes , das capacidades mentais de africanos, americanos, ou judeus sefarditas... Não chega por exemplo a dizer se não seria talvez melhor, para acabar com estas questiúnculas, mantê-los todos analfabetos, a americanos, africanos e judeus sefarditas... e já agora tudo o que não for do ramo asquenaze... 
Asquenaze, ou asquenazita... e socorro-me da Wikipedia - "O termo provém do termo do hebraico medieval para a Alemanha, chamada Ashkenaz (אשכנז).
Nos dias de hoje, o termo asquenazita é utilizado para tratar das tradições religiosas dos judeus que viviam na Europa Oriental, assim como as de seus descendentes, espalhados por todo mundo após o Holocausto."

Curiosa, não achais?... a origem da palavra...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Do fundo do coração

Eu queria dizer-vos onde fica o prédio, para ficarmos com uma ideia mais clara do que estamos a falar. Mas só vos posso dizer que fica na avenida da Liberdade, perto de uma esquina, do lado esquerdo de quem desce, no 216, pronto! - e é de facto imponente. Diz o Diário de Notícia que é mesmo considerado edifício histórico. Durante anos, a loja, que ocupa todo o rés do chão, foi stand de automóveis. Entretanto fechou e foi trespassada.
E chegamos à notícia. Escreve o DN - "Prada já abriu as portas da primeira loja em Portugal".

E fica justamente neste edifício de que estamos a falar. Na avenida da Liberdade. São quase 700 metros quadrados dedicados à moda masculina e feminina de luxo... 
É verdade que sim, o jornal reconhece-o, apesar da crise, o mercado de luxo não se ressente e a marca italiana resolveu avançar, mesmo sabendo que outras marcas de prestígio, como a Cartier, estão a desistir do mercado português e a fechar lojas em Lisboa. Segundo Miuccia Prada, a fundadora da marca, Portugal é uma terra com quem mantém uma relação muito especial e foi com todo o cuidado que se escolheu o local onde abrir a primeira loja. As portas abriram sábado passado, mas a inauguração oficial é só amanhã, pela tardinha. Diz ainda, Miuccia Prada, que gosta de fazer as coisas de forma estruturada, por isso foi muito exigente na escolha do sítio e diz também que foi preciso vencer algumas barreiras burocráticas, para conseguir finalmente o trespasse. O jornal garante que o arquitecto responsável pela decoração do novo espaço respeitou a História do edifício e fez questão em manter mesmo as antigas colunas de mármore, que suportam o tecto da loja... É verdade que sim... as fotografias que o DN publica atestam-no claramente. São 3 fotografias. Duas delas retratam o interior da nova loja... a terceira mostra a fachada do edifício iluminada já ao lusco fusco. Diz a legenda: "Fachada da loja da Prada preservou a fachada antiga do prédio da Avenida da Liberdade".

Por muitos anos que se viva... aí está uma atitude que nunca seremos capazes de agradecer convenientemente a Miuccia Prada e seus associados. Obrigado, minha senhora. Muito obrigado mesmo. Do fundo do coração.

terça-feira, 15 de junho de 2010

o que já não há é cu para estes gajos

Vi de relance num cartaz, aí em Lisboa, o anúncio à 11ª Gala do Orgulho Gay.
Já vai, portanto, na 11ª edição, o que quer dizer que é uma festa muito anterior mesmo ao animado debate sobre os casamentos homossexuais e outros direitos conexos, como a adopção e, mais recentemente, a fertilização médicamente assistida de mulheres lésbicas, supõe-se que casadas, com outras mulheres igualmente lésbicas.
Já agora e quanto à questão dos casamentos, não deixa de ser curioso que, depois de tanta insistência e acesa luta, apenas 3 casais homossexuais se tenham realmente casado, durante a primeira semana, após a lei entrar em vigor... mas isto, a liberdade presupõe isso mesmo. A liberdade até de não fazermos aquilo que queremos fazer.
Mas, o que me surpreendeu mesmo hoje, quando vi o tal cartaz a anunciar a festa, foi a palavra Orgulho. Mais concretamente a expressão Orgulho Gay.
Ora, o gay, que os homossxuais masculinos portugueses perfilharam do inglês, quer dizer, à letra : alegre. Sendo essa leitura adoptada também para significar que um homossexual masculino é uma pessoa alegre por natureza. Satisfeito por estar vivo e contente também, supõe-se, com a sua vida sexual.
Não temos tempo para reflectir sobre a questão das mulheres se auto-proclamarem como lésbicas, deixando o conceito gay para os homens. Como se elas fossem, por natureza, umas assim chamadas fronhas fechadas e eles uns boquinhas de riso...
Vamos antes - e foi por isso que já estou a ficar com fome e ainda não almocei - fixarmo-nos na tal palavra Orgulho. Orgulho Gay. A parada, a festa, que podia chamar-se, por exemplo, a Festa da Alegria, ou a Parada dos Alegres, chama-se e apresenta-se como a Marcha do Orgulho Gay. Demos de barato o tom marcial que a palavra Marcha dá à coisa e saltemos finalmente para a grande questão. Do Orgulho Gay?! Que orgulho será esse?. O de ser Gay? Não terão mesmo rigorosamente mais nada de que se orgulharem do que de levar no cú?! Será que é isso o tudo que esperam da vida? Chupar pilinhas e levar no rabo e sair para a rua mascarados de matrafonas a abanarem-se como uma espanhola, ao som do tecno?
Mas cada um sabe de si e o que é preciso é que a nenhum cidadão sejam negados os seus direitos e liberdades e garantias. Quanto à causa homossexual, deus seja louvado, que algumas pequenas vitórias se foram já conseguindo. Haja fé, que chegará o dia em que o país  reconhecerá igualmente o direito de se casarem lésbicas com gays e gays com lésbicas. Haja fé.

missa de corpo presente

Há uma expressão portuguesa, daquelas frases feitas, que me assalta de repente ... e é esta: missa de corpo presente. Diz-se de quem está ali só a fazer número... os, também chamados, verbos de encher...

E tudo isto a propósito da matéria a que o DN hoje dedica uma página inteira. A questão dos feriados e das pontes que ameaçam cair nos próximos 3 anos.
"14 pontes a riscar do calendário" – avisa o título. Depois segue dizendo.... "PS e PSD estão disponíveis para colar feriados aos fins de semana . Até 2013 muitos dias livres podem cair".
A proposta é de duas deputadas da bancada socialista, se bem se lembram e , para além de querer acabar com as pontes, a bem da economia e em função da crise em curso... para além disso, a proposta prevê também acabar com alguns feriados. O 5 de Outubro, por exemplo. Aqui, já houve quem achasse péssima ideia e ainda mais no ano em que se celebra o centenário da República portuguesa. O 1º de Dezembro seria outro a extinguir. O feriado da Restauração da Independência Nacional... e o mesmo para alguns feriados religiosos, como o do Corpo de Deus, o de Todos os Santos... aqui, a Igreja Católica já se pronunciou... concorda, se houver equitatividade entre os feriados laicos e os religiosos. É assim que o DN escreve: se houver equitatividade. Trava-línguas catita. Adiante.

A proposta!

A proposta – e agora já no campo das contrapartidas – prevê entretanto a criação de um novo feriado, o dia da Família, a ser celebrado colado ao Natal, a 26 de Dezembro. Prevê também que, no caso de feriados que caiam a um domingo ou sábado... enfim, a um fim de semana, que se passe esse feriado para a segunda feira seguinte, ou para a sexta feira anterior... esta aqui parece que convence pouco, ou seja, poucos adeptos conseguiu até agora, no Parlamento. Já, acabar com as pontes, garante o DN que reúne o consenso , pelo menos do PS e PSD... e a outra não porque, dizem os detractores da proposta... por causa dos custos que haveria de implicar, tendo em conta o contexto da crise. Pelas contas do jornal essa ideia implicaria que, entre 2011 e o tal 2013, os portugueses gozassem de mais 13 dias de descanso. Pode parecer irrisório, mas há esse estudo da Universidade Autónoma de Lisboa, que diz que cada feriado nacional custa ao país perto de 37 milhões de euros. E aqui sim, que o número já impressiona. Enfim, não tanto quanto o prejuízo que causam ao País os tais, de que se falava ao princípio... aqueles que picam o ponto com toda a pontualidade e até são capazes de chegar um pouco antes da hora ao trabalho, só para terem mais tempo para não fazer nada... a tal situação a que o ditado popular chama de missa de corpo presente. Esse prejuízo é mais difícil de contabilizar.

De saída deixo-vos com a legenda à fotografia, que o DN escolheu para ilustrar a notícia. Fotografada do alto, vê-se uma funcionária da limpeza a limpar o pó a umas cadeiras, que se conclui serem de uma bancada parlamentar. E a legenda: "Pontes provocadas por feriados também deixavam bancadas do parlamento vazias". Também! Enquanto conjunção, também é como quem diz... igualmente, do mesmo modo, conjuntamente, outrossim... já se for interjeição exprime estranheza. Também?!
Enfim, a estranheza aqui, a haver e seguindo a legenda da fotografia, é verificar-se que nesse dia de ponte, em que as bancadas do parlamento ficaram, como se vê, vazias, as senhoras da limpeza não tiveram direito a folga.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

ide cagar

Será que estes cães não percebem mesmo que o mal menor que se lhes pode apontar é a incompetência ?!... A incompetência para gerir seja o que for, a começar pelo governo das Nações, que foi para isso que foram eleitos...
Acaba de passar um mentecapto pela televisão a dizer que o esforço e o sacrifício necessários para inverter a crise devem ser feitos pelos portugueses. Pelo povo português, que como sabemos tem sido gradualmente afastado de todas as decisões que lhe dizem respeito. Menos esta, de pagar pela estupidez alheia.
De repente percebemos que anda todo o mundo a viver de fiados e que, à volta dessa confrangedora circunstância, cresce uma sub-espécie de homúnculos que se auto-proclamam investidores, mas que, em rigor e boa verdade, mais não são que agiotas de luxo.
Talvez que aquilo a que nos habituámos a chamar a Economia, estúpido... esteja a precisar de ser reinventado até ao osso...
Talvez que aquilo a que acabou por chamar-se União Europeia... também.
Talvez seja chegada a hora de deixar-se a gente de alimentar burros a pão de ló...
Talvez seja chegada a hora de pôr estes incompetentes no lugar que lhes compete... a carregar baldes de massa - para a construção europeia, para a consolidação da economia global, para a puta que os pariu.
Scrapertown from California is a place. on Vimeo.
Bicycle Portraits from Bicycle Portraits on Vimeo.
The Greek Crisis Explained, Episode 1 from NOMINT on Vimeo.
The Greek Crisis Explained, Episode 2 from NOMINT on Vimeo.
The Greek Crisis Explained, Episode 3 from NOMINT on Vimeo.

a pão e laranjas

Política - diz o DN.... ou seja, o título vem na secção de política, da edição de hoje do Diário de Notícias e diz assim: "Mundial dá uma esperança de folga ao Governo..." acrescentando-se depois que "os bons resultados da selecção nacional de futebol, na última década, têm ajudado a recuperações da confiança dos consumidores..." e que, "em plena crise, Sócrates espera que a selecção volte a ser inspiradora para os portugueses."
Ora, como se sabe, a esperança é a última a morrer... o que fica por relembrar de forma clara é a que bons resultados da selecção nacional de futebol na última década, o jornal se refere...
Claro que não são os de 66 , quando Portugal ficou em 3º lugar no campeonato do Mundo... esse já lá vai e hoje, os heróis dessa campanha, muitos caíram no esquecimento, ou estendem a mão à caridade pública...
A propósito, deixem só que leia o título do 24 Horas: "Título mundial vale 41 milhões a Ronaldo." Pois que os poupe que ninguém sabe o dia de amanhã... Voltemos ao Diário de Notícias e a esta carta de um leitor.
Diz Américo Lopes que esteve ontem na festa do Estoril-Praia, em que se comemorou o fim do ano das camadas jovens do clube. Uma festa bonita onde o filho deste leitor até foi distinguido com a taça para o melhor marcador da época... Mas acrescenta que nem essa alegria chegou para calar a indignação, ao ver para que eram aquelas rifas, que estavam a vender à porta do estádio do Estoril-Praia... Os altifalantes explicavam que a receita das rifas era para ajudar José Torres, um dos magriços, heróis da campanha de 66 e que agora está doente e sem dinheiro para viver e pagar as despesas de saúde... o leitor Américo Lopes faz a comparação com esse ex-ministro, que trabalhou 2 anos na Caixa Geral de Depósitos para se reformar com mais de 5 mil euros por mês , ou o caso de embaixadores, que recebem reformas de 11 mil euros por mês...
No caso de José Torres, que na opinião do leitor fez mais por Portugal do que essa gente toda junta... é escandaloso que não tenha direito a reforma, nem a assistência médica gratuita. Na opinião deste leitor, esta situação é humilhante para todos os portugueses de boa consciência.
Enfim, opiniões, cada qual tem as suas... agora certo, certo é que, no dia em que José Torres falecer, Portugal não se esquecerá de lhe fazer uma homenagem e chorar a perda de quem nos deu tantas alegrias e esperanças e motivos de orgulho ... e com um bocado de sorte, em havendo verba, até talvez lhe façam uma estátua.
 
Mas, nem era disto que vos queria falar...
Mas antes desta outra notícia que o DN hoje publica, discretamente, na página das notícias do mundo.
Esta vem do Sudão e dá conta de um prémio muito especial e curioso e que este ano, pela segunda vez consecutiva, ficou sem vencedor.
O prémio da boa governação em África.
A ideia da atribuição deste prémio é do empresário sudanês Mo Ibrahim. Foi criado em 2006 e é de 4 milhões de euros. Acontece então que este ano e pelo segundo ano consecutivo a Fundação Mo Ibrahim não conseguiu encontrar nenhum candidato, entre os antigos líderes africanos, que tenha deixado o Poder voluntariamente e que tenha cumprido todos os critérios do que se entende por boa governação... em África. Convém que se sublinhe, que este prémio se dedica exclusivamente a governantes ou ex governantes africanos! Vencendo a tentação de dizer que, se fosse na Europa, certamente que não haveria problemas destes... deixem que sublinhe só esta passagem, onde se lê que , como condição sine qua non, haverá – o governante candidato aos 4 milhões do prémio de boa governação - de ter deixado o Poder voluntariamente... Portanto, que não tenha sido derrubado por nenhum golpe de Estado, ou revolução de qualquer espécie, se bem que, a História é clara nesse ponto... muitos bons governantes foram mesmo afastados do Poder à força. Alguns morreram mesmo, durante essa troca violenta de Poder...

Agora, como sugestão, deixo entretanto esta outra proposta de distinção...
Obrigar a multa pesada todos os responsáveis por má governação. Ou então , em alternativa, pelo menos, oferecer-lhes umas orelhas de burro e virá-los de nariz para a parede durante uns 2... vá lá... 4 anos, que é o tempo de uma legislatura, pelo menos em Portugal.
 
 
 
 
 
 
 
 
E a pão e laranjas!