quinta-feira, 23 de setembro de 2010

diz que não compensa...

Vem no Diário de Notícias, que as farmácias rejeitam a venda de remédios à dose.

Já em subtítulo explica-se que a ministra da Saúde quer que os hospitais avancem, mas a associações dizem que os investimentos que têm de fazer não compensam...

A decisão final das farmácias quanto a esta matéria só será tomada e conhecida para a semana, mas para já – e segundo o presidente da Associação Nacional de Farmácias, João Cordeiro - com o actual enquadramento legal, não é de esperar que haja farmácia interessada em avançar com a unidose.

Agora, alguns argumentos expostos pelos representantes do sector...

Ainda segundo João Cordeiro, a venda de medicamentos em unidose justificar-se-ia em casos de doença crónica e não em casos de doença momentânea, como, ao que parece, prevê a legislação agora em causa... E aqui, deixem que leia outra vez. Portanto, para João Cordeiro, presidente da Associação Nacional de Farmácias, fará mais sentido vender comprimidos, por exemplo, em unidoses, nos casos de doença crónica. Ou seja, nos casos em que a medicação tem de ser tomada até ao fim dos dias do doente. É nesses casos que, em vez de comprar uma caixa e depois, acabada a caixa comprar-se outra, já que, infelizmente, a doença em causa é cruz que o paciente tem de carregar o resto da vida... é nesses casos que João Cordeiro acha que a venda dos comprimidos em doses individuais é justificável. Já nos casos de doenças pontuais, como uma gripe sazonal, ou uma outra qualquer maleita que se resolva com 3 colheres de xarope e duas pastilhas... aí, o presidente da Associação Nacional de Farmácias acha que o doente deve comprar uma caixa inteira e depois o que sobrar, ou espera que expire o prazo, para mandar o que sobrou para o lixo, ou então espera que a vizinha de cima se constipe também, para lhe dispensar o resto da caixa...

Mas não. Porque, logo a seguir, um par de linhas mais à frente, é ainda João Cordeiro quem afirma, que a venda de unidoses para doenças como uma gripe seria uma situação mais pontual... Pontual seria; o que fica por perceber-se é se essa definição quer dizer que acha bem a venda de unidoses para gripes... o que, a ser verdade, parece chocar frontalmente com o que se tinha acabado de ouvir dizer... que só em casos de doença crónica se justifica, ou compensa, a venda de medicamentos em unidose... que uma gripe, deus nos livre, não é uma doença crónica!

E o verbo compensar não caiu aqui de pára-quedas. Oiçamos agora Carmona e Silva, presidente da Mesa da Assembleia-geral da Central Farmacêutica... As farmácias querem a unidose mas não como está. O preço previsto não compensa. Só valeria a pena se houvesse uma margem compensatória na casa dos 30% por comprimido. Diz Carmona. E Silva.

A rematar a notícia, o DN apresenta um ou dois argumentos, contra e a favor da nova medida. Do lado das vantagens, por exemplo, há um estudo que aponta para uma poupança de 140 milhões de euros para o Estado e cidadãos... Do lado das desvantagens... dizem as farmácias que o investimento para implementar a medida é insuportável e tão preocupante quanto isso é que – diz a Indústria - em unidose não se garante a segurança dos medicamentos.

Só não se garante se não se quiser! Porque em verdade, um raciocínio destes pressupõe uma de duas coisas... Ou os medicamentos vendidos em caixa não são analisados um a um e aí ninguém nos garante que numa caixa de 20 não venha um, ou dois, ou mesmo 3 estragados e capazes de envenenar alguém e o mandar senão para o outro mundo, pelo menos para as urgências médicas, para uma lavagem ao estômago... Ou então não. E se eles são todos obrigados a testes de qualidade... tanto faz que depois os vendam todos aos vintes, numa caixa só, ou à dose, consoante as necessidades pontuais do doente.

Ao mais e ao resto, digo eu, na peida e haja saúde!

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