terça-feira, 26 de abril de 2011

Chiça!

Vem no Público e apresenta-se assim: Pedro Passos Coelho defende que a criação de uma possível União Nacional é uma perversão...

Relembra-se, no desenvolvimento da pequena notícia, que, ontem , nos discursos oficiais da celebração do 25 de Abril, os antigos presidentes da república, convidados por Cavaco Silva para o evento, apelaram à coesão nacional e a entendimentos governativos... um governo de união nacional... eventualmente algum dos ex presidentes terá usado mesmo essa expressão... é bem possível que sim.
Agora Passos Coelho usa-a e usa-a para a denunciar como coisa de triste memória.
Citemos: “ter a ideia de que, como estamos com um problema muito sério para resolver, temos de fabricar em Portugal uma espécie de União Nacional é uma perversão, ainda para mais a ser invocada num dia como este, porque a União Nacional não é desejada em Portugal, nem pelos que têm memória da que já existiu, nem por aqueles que, com prudência, aprendem lições do passado.” – fim de citação.

E no princípio era portanto o verbo... neste caso as palavras... União e Nacional, que assim juntas e em maiúscula fazem lembrar ao jovem líder social democrata os tempos da outra senhora... o Portugal de partido único...talvez seja essa a perversão suprema... seguindo o fio de raciocínio de Passos Coelho... numa situação em que estamos com um problema muito sério para resolver, em que a União, a Unidade, a Coesão, o Consenso Nacional se revela pedra de toque de todas as soluções que se conseguirem inventar... a memória nos pregar esta partida e remeter-nos assim de repente para a longa noite fascista... e tudo só por causa de um nome, de um par de palavras.
Nazi... nazi, de nazional sozialism... aí está mais um par de palavras de má memória, que, vá lá, não o suficiente para comprometer o conceito, ou mesmo o uso da palavra socialismo, ou para coibir alguém de falar em nome do interesse nacional...

Enfim, e sem fugir ao assunto, temos que não agrada e traz más recordações a Passos Coelho, a expressão União Nacional... e pensarmos nessa outra, a que a União Nacional de Salazar deu depois lugar, já no consulado de Marcelo Caetano ... a Acção Nacional Popular... que esta então, meus amigos... Acção Nacional Popular cheira a maoismo que tomba.
 
Chiça!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

a galinha e o hamburguer

perguntava um: o senhor já alguma vez viu uma criança a correr atrás de uma galinha para lhe roubar a pequena côdea que levava no bico?
respondia o outro: isso não, mas já vi uma galinha a correr atrás de uma criança para lhe roubar o hamburguer

que falta de esquecimento !

Participei ontem e hoje, em Budapeste, na reunião dos nove Chefes de Estado da União Europeia que constituem o chamado Grupo de Arraiolos. Tive ocasião de lhes explicar a situação politica e económica que Portugal vive. Encontrei da sua parte uma grande compreensão e simpatia, bem como confiança na capacidade dos Portugueses para ultrapassar as actuais dificuldades.

(in Cavaco Silva's Facebook - 9/4 -19.03h)



oh diabo! então e o Grupo de Arraiolos falou disso tudo e dos chamados tapetes nem nada?!!!
que falta de esquecimento, francamente!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

estás mais parvo, ou mudaste de penteado?...

Vem com chamada de capa no Correio da Manhã de hoje e diz que a TVI proibiu a utilização das imagens da gaffe de Sócrates.
Ora, comecemos por aqui, que, se gaffe houve, foi de quem filmou e lançou para o ar, não se sabe se de propósito, se inadvertidamente, as imagens do primeiro ministro a ensaiar a pose e o som antes da comunicação ao país, sobre a vinda do FMI a Portugal... Decerto ainda se lembram... oh luis está melhor assim, ou assado e essas coisas... Portanto esta questão da gaffe fica arrumada. Sócrates estava, como decerto costuma, a fazer o que, em linguagem técnica de espectáculo, se chama sound check – neste caso som e imagem. São coisas e momentos que não costumam ir para o ar, pela razão simples de que são simples ensaios e não a coisa em si.. ou seja, é como ir à Ópera... o público paga o bilhete para assistir ao espectáculo, não para ver os ensaios da orquestra. Adiante.

Ora, diz então que a TVI proibiu a utilização das imagens. As imagens que foram recolhidas pela RTP e cedidas para as outras estações, ao que parece. Diz o Correio, que a direcção de informação da TVI enviou um mail a todos os jornalistas, dizendo que essas imagens não eram para ser usadas nos spots permanentes do dia – são aquelas sequências de imagens montadas em resumo do que mais importante, ou recente, ou impressionante vai acontecendo dia-a –dia.

O jornal cita um dos jornalistas que terá ficado confuso com esta indicação da direcção... e que disse ao Correio que, "a ser assim, podemos adivinhar o que esperar no futuro..."

Enfim, e aproveitando a expressão desse jornalista citado pelo Correio, a ser assim, talvez o futuro nos traga um tempo em que o ruído não se sobreponha à informação, em que a anedota não prevaleça sobre o acontecimento, em que a árvore não esconda a floresta e outros aforismos... em que a polémica deixe de ser mais tentadora e apetecível do que a própria realidade, por mais aborrecida e fastidiosa e deprimente que seja...

Sim, claro que foi confrangedor, ver que o primeiro ministro, enquanto o País metaforicamente começava a arder, perdia tempo a compor a imagem... se o não tivéssemos visto não nos teríamos indignado.. e isto, quem não se sente, não é filho de boa gente, mas também, em verdade, olhos que não vêem, coração que não sente e a verdade mesmo é que nos dias que correm, devem contar-se pelos dedos, os políticos que não fazem exactamente, ou muito perto disso, a mesma figura que fez Sócrates nesse dia em S. Bento... Aliás, se já viram no Youtube, há uma pequena gravação de George Bush filho, numa situação idêntica; só que aí, o momento de descontração foi um pouco mais expressivo e um pouco menos próprio para teledifusão.
Ora também foste buscar um exemplo jeitoso!... 
E que tem?! George Bush foi presidente dos Estados Unidos.
 
E, já agora...
achais mesmo mais fuleiro apanhar o Sócrates a abonecar-se para a televisão, do que a fuçanguice com que os dois maiores partidos parlamentares discutem já na praça pública o próximo governo, enquanto o país cai nas mãos dos canalhas da alta finança?!...

quarta-feira, 13 de abril de 2011

vade retro-escavadora Satanás!

Vem no Público e anuncia que será hoje publicamente apresentado em Lisboa o Youcat – coisa que dita assim não faz grande sentido, mas se lermos o resto acabamos por decifrar o enigma deste Youcat - é o Catecismo Jovem da Igreja Católica. Youcat é então a abreviatura da expressão inglesa Young Catechism – catecismo jovem - e apresenta-se como uma tentativa de actualização do outro que já havia desde 1992 – o Catecismo da Igreja Católica.
Diz o Público, que este novo livro, que traz prefácio de Bento 16 – lá iremos – retoma o texto de 92, mantendo enunciados sobre temas como os impostos, a violência, os direitos humanos ou o aborto... E diz também que o Papa quer que este livro seja lido como um romance policial... porque um romance policial é excitante, porque nos insere no destino de outras pessoas, que também poderia ser o nosso. Acrescenta o Papa que este livro é cativante porque fala do nosso próprio destino... Enfim, em qualquer livro de qualquer género ou estilo se pode conseguir essa identificação entre o leitor e a acção, ou protagonistas do livro. Mesmo na poesia, mesmo na ficção científica... Claro que nos policiais também. Aqui, uns identificar-se-ão com o bom da fita, outros com o vilão - será sempre uma questão de gosto pessoal.

Mas há mais, no prefácio de Bento 16 a este Catecismo Jovem... Escreve o Papa: "os jovens de hoje não são tão superficiais como se diz deles. Eles querem saber o que realmente é a vida..." e assim sendo, explica-se-lhes o sentido da vida em histórias de policias e ladrões... Convenhamos que é uma visão bastante desencantada da vida humana, mas é capaz de ser a mais pragmática delas todas, afinal de contas. Já quanto a esta outra passagem, em que se cita a opinião do padre Pedro Lima, director do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil da Igreja Católica... sublinha o padre que no capítulo dedicado aos chamados mistérios cristãos se tenta explicar, por exemplo, como Jesus pode estar presente ao mesmo tempo no pão e no vinho... ainda que de forma invisível e oculta... E aqui estamos nós em pleno cenário de romance policial... atente-se na escolha dos adjectivos: invisível e oculto...
Ora, se se dissesse, ou explicasse , muito simplesmente que o corpo e sangue de Cristo estão no pão e no vinho... ou antes – seguindo à letra os relatos que ficaram... que o pão é o corpo de Cristo e o vinho o Seu sangue... assim mesmo e de uma forma simbólica, metafórica e não fisicamente escondido no miolo , ou diluído de forma imperceptível no vinho... porque , e não só em relação a essa metáfora da Última Ceia, boa parte dos ensinamentos cristãos e de episódios até relatados na Bíblia são metáforas, parábolas... não são para serem levados à letra sob pena de algumas desilusões... Por exemplo, se a fé move montanhas, para que precisamos nós de dinamite e retro-escavadoras?!...

terça-feira, 12 de abril de 2011

ÉPATANT ! (eh pá! tanto!?)

Vem no Diário de Notícias e ilustra o momento da tomada de posse, ontem, dos novos representantes da República para os Açores e Madeira.
Diz o jornal que, entre as várias personalidades que assistiram à cerimónia, se encontravam José Sócrates e Carlos César, o presidente da Governo Regional dos Açores. Diz também o DN que entre os presentes se destacou ainda a presença de Cavaco Silva.
Ora destacou-se porquê?... Por lá ter aparecido?!... Pois se era para dar posse aos representantes da República, que espanto haverá na presença do presidente da República, na cerimónia?!.. Talvez tenha sido o que disse Cavaco, que torna essa presença tão destacada. Vamos ouvir. 
Diz o jornal que o presidente saudou os novos representantes, considerando que o seu – deles – perfil pessoal e trajectória profissional demonstram que dispõe dos requisitos de experiência, conhecimento e estatura moral para representarem a República Portuguesa nos Açores e Madeira. Ora aí está! Foi talvez isto, o que tornou destacável a presença do presidente na cerimónia. Ou seja, ao sublinhar os requisitos de experiência, conhecimento e estatura moral dos novos representantes da República, o presidente abre a porta à hipótese da escolha poder ter tido recaído sobre gente sem experiência nenhuma, nem conhecimentos, nem estatura moral para representar a República... e isso é que torna esta escolha tão auspiciosa e a merecer mesmo o sublinhado de Cavaco às qualidades reconhecidas destes novos representantes. Porque estes têem-nas! As qualidades exigidas aos representantes da República.

Mas disse mais, o presidente da República, na cerimónia de posse. Enfim , não viria muito a propósito, por isso mesmo o jornal diz que Cavaco aproveitou a cerimónia para ... no caso, para reiterar que, para Portugal vencer as adversidades do futuro...  vamos citar: "os sacrifícios têm de ser repartidos por todos",  sublinhando seguidamente que ninguém se pode eximir ao contributo necessário.
E aí temos mais uma declaração muito oportuna, já que , se não fosse o presidente a dizê-lo, nós sozinhos nunca lá chegaríamos.

Mas, se formos a ver bem, a surpresa é mesmo o ainda nos surpreendermos, com este tipo de declarações sentenciosas.
Vamos à muito estimada página do Facebook de Cavaco Silva, presidente.
Há 5 dias, a 7 de Abril, escrevia Cavaco: "Reafirmo, perante os Portugueses, que o actual Governo contará com todo o meu apoio para que não deixem de ser adoptadas as medidas indispensáveis a salvaguardar o superior interesse nacional e assegurar os meios de financiamento necessários ao funcionamento da nossa economia..."

E aí está mais uma coisa que ninguém , se calhar, estaria à espera.. que um presidente da República, da nossa, ou de outra qualquer, se manifestasse disposto a apoiar todas as medidas indispensáveis para salvaguardar o superior interesse nacional !
Em verdade, também eu, se não o lesse, não  acreditava...