quarta-feira, 13 de abril de 2011

vade retro-escavadora Satanás!

Vem no Público e anuncia que será hoje publicamente apresentado em Lisboa o Youcat – coisa que dita assim não faz grande sentido, mas se lermos o resto acabamos por decifrar o enigma deste Youcat - é o Catecismo Jovem da Igreja Católica. Youcat é então a abreviatura da expressão inglesa Young Catechism – catecismo jovem - e apresenta-se como uma tentativa de actualização do outro que já havia desde 1992 – o Catecismo da Igreja Católica.
Diz o Público, que este novo livro, que traz prefácio de Bento 16 – lá iremos – retoma o texto de 92, mantendo enunciados sobre temas como os impostos, a violência, os direitos humanos ou o aborto... E diz também que o Papa quer que este livro seja lido como um romance policial... porque um romance policial é excitante, porque nos insere no destino de outras pessoas, que também poderia ser o nosso. Acrescenta o Papa que este livro é cativante porque fala do nosso próprio destino... Enfim, em qualquer livro de qualquer género ou estilo se pode conseguir essa identificação entre o leitor e a acção, ou protagonistas do livro. Mesmo na poesia, mesmo na ficção científica... Claro que nos policiais também. Aqui, uns identificar-se-ão com o bom da fita, outros com o vilão - será sempre uma questão de gosto pessoal.

Mas há mais, no prefácio de Bento 16 a este Catecismo Jovem... Escreve o Papa: "os jovens de hoje não são tão superficiais como se diz deles. Eles querem saber o que realmente é a vida..." e assim sendo, explica-se-lhes o sentido da vida em histórias de policias e ladrões... Convenhamos que é uma visão bastante desencantada da vida humana, mas é capaz de ser a mais pragmática delas todas, afinal de contas. Já quanto a esta outra passagem, em que se cita a opinião do padre Pedro Lima, director do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil da Igreja Católica... sublinha o padre que no capítulo dedicado aos chamados mistérios cristãos se tenta explicar, por exemplo, como Jesus pode estar presente ao mesmo tempo no pão e no vinho... ainda que de forma invisível e oculta... E aqui estamos nós em pleno cenário de romance policial... atente-se na escolha dos adjectivos: invisível e oculto...
Ora, se se dissesse, ou explicasse , muito simplesmente que o corpo e sangue de Cristo estão no pão e no vinho... ou antes – seguindo à letra os relatos que ficaram... que o pão é o corpo de Cristo e o vinho o Seu sangue... assim mesmo e de uma forma simbólica, metafórica e não fisicamente escondido no miolo , ou diluído de forma imperceptível no vinho... porque , e não só em relação a essa metáfora da Última Ceia, boa parte dos ensinamentos cristãos e de episódios até relatados na Bíblia são metáforas, parábolas... não são para serem levados à letra sob pena de algumas desilusões... Por exemplo, se a fé move montanhas, para que precisamos nós de dinamite e retro-escavadoras?!...

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