quinta-feira, 27 de maio de 2010

é, como se costuma dizer, cagativo.

Ora, temos aqui um misterioso título, em chamada de capa no Diário de Notícias. Diz assim: "Nova lei permite mudar de sexo sem cirurgia."
E então?!.. Não soaria menos estranho se se dissesse, por exemplo: "nova tecnologia permite mudar de sexo sem cirurgia"; ou: "novos medicamentos permitem a reestruturação e reordenamento dos tecidos da zona pélvica, por forma a conduzirem a uma mudança de sexo, sem intervenção a cirurgia"?!... Por exemplo. Pelo menos, para um leigo na matéria, haveria de soar mais razoável.
A menos que estejamos mesmo no advento de uma qualquer revolução não anunciada, em que feitos científicos deste quilate se conseguem por obra e graça de um simples decreto, ou projecto lei... quase como se o poder da palavra conseguisse mesmo esse prodígio – no caso, alguém mudar de sexo, sem intervenção cirúrgica...
Pois é mesmo de um projecto lei que se trata. E da autoria do Bloco de Esquerda.
Diz, a chamada de capa, que o Bloco vai apresentar para a semana um projecto, que prevê a consagração oficial da mudança de sexo a quem o queira, mesmo sem fazer a operação, que reajusta o corpo do candidato à sua nova condição e género. Segundo o DN, o Bloco de Esquerda quer assim reforçar os direitos de identidade dos transsexuais... quer assim, que a mudança de sexo seja reconhecida e registada no Bilhete de Identidade, sem que para isso seja necessária   intervenção cirúrgica, que realize efectivamente essa mudança. Hoje, o que se passa, explica o DN,  é que alguém, mesmo que tenha, por exemplo, sido operado para mudar de mulher para homem, ou vice versa... continua a ser identificado no BI com o sexo com que nasceu... Ora, em defesa dos direitos dos transsexuais, ou transgéneros, que parece serem a mesma coisa, o Bloco quer que baste a declaração do próprio, para se fixar a identidade sexual do cidadão, no registo oficial de identidade , no BI, portanto.
E se a ideia vinga? Terá o candidato, ou candidata de se vestir de forma apropriada, para que a declaração não desminta ou deixe dúvidas quanto ao sexo em causa?... Ou basta a palavra dada?... Haverá o hábito de fazer o monge, ou, em princípio, basta o Verbo?...

Há no entanto aqui um pormenor, que me parece que estamos a esquecer... Naquela linha onde , no BI, se pergunta : sexo – a questão não é saber quais as apetências, práticas, ou fantasias, ou devaneios sexuais de cada um. O que se quer saber mesmo é o sexo a que pertence. Fisiológicamente falando.... Ou seja, mesmo que Ela se vista como um estivador, cuspa para o chão e coçe com a mão em garra aquilo que lá não está,  ou Ele saia para a rua enfeitado como uma árvore de Natal e  com ademanes de Marilin...  Isso, para o Estado português, é, como se costuma dizer, cagativo.

Sem comentários:

Enviar um comentário