quarta-feira, 19 de maio de 2010

lindo serviço

Vem no Público.
Agora é de hospitais, que se vai falar.
Primeiro, a notícia desta decisão que pode vir a fazer História... Diz o título: "Hospitais públicos obrigados a pagar operação a doente tratado no privado."
E continuo a ler, pelo menos este primeiro parágrafo... "A Entidade Reguladora da Saúde intimou dois hospitais públicos a pagarem a meias uma operação a um descolamento da retina, que uma doente fez no hospital privado Cuf Descobertas, depois desta não ter sido atendida de imediato nas duas unidades, por ser véspera de fim-de-ano. A Entidade Reguladora concluíu que houve violação grosseira do direito de acesso ao Serviço Nacional de Saúde." 
O Hospital de Coimbra já aceitou pagar a parte que lhe cabe, mas já o Centro Hospitalar de Lisboa Central (vulgo, hospital de S. José) recusou-se a fazê-lo, alegando que não há indícios de má prática clínica, que justifiquem a penalização.

E agora aqui , talvez não se possa falar de má prática clínica, já que a notícia não diz que a operação tenha corrido mal... o que aconteceu foi que se operou o que não era preciso. Estamos já noutra notícia, apesar de não termos saído do Público.
Avançando então duas páginas aterramos neste título: "Doente operado ao braço errado no Hospital Particular de Lisboa". Foi o que aconteceu.

E a história é ainda mais curiosa, quando chegamos a este pormenor. É que, mesmo depois e apesar de se ter preparado o braço doente para a operação, acabou por operar-se o braço são. O doente só descobriu quando acordou e sentiu uma estranha impressão onde não devia...

Primeiro, foi a enfermeira a reconhecer que tinha havido engano, depois vieram os médicos e aqui a conversa animou-se. O cirurgião ficou muito aflito, desdobrou-se em desculpas. O chefe da equipa de cirurgiões ... esse admirou-se e terá dito: "porque é que não disse nada?"... ao que o doente terá respondido mais ou menos que, com uma anestesia que o pôs a dormir 3 horas, era difícil dizer fosse o que fosse... é o que acontece com as anestesias em geral... põem as pessoas a dormir, o que dificulta a comunicação... Consta que entretanto tentou, o chefe da equipa, passar as culpas para a enfermeira. Aqui o doente indignou-se. Respondeu que a enfermeira se limitara a prepará-lo para a operação e não se enganou . ou seja, rapou o braço que era mesmo para ser operado... (aqui fica entretanto uma dúvida.... então, raparam-lhe o braço esquerdo e operaram o direito?!... e com pelos e tudo? Ou raparam também o direito, e se o fizeram não repararam então que havia ali um principiozinho de confusão e barafunda?!... ) feche-se o parantesis.
Propuseram-lhe também, o chefe da equipa e um outro cirurgião, que voltasse de imediato para a sala de operações, que lhe operavam o braço doente ( não diz, mas calcula-se, sem custos acrescidos)... Citemos o doente: "O cirurgião disse-me que já que estamos aqui aproveitamos e vamos já operá-lo ao outro braço, mas antes ainda me informou que aproveitara o engano para reparar uma lesão antiga no braço direito". Fim de citação. Ora, o doente queixava-se era do braço esquerdo, do direito nem se lembrava de alguma vez ter sentido qualquer coisa de extraordinário... mas enfim, se o médico o garantiu. De qualquer forma, declinou o convite e a proposta. Quanto mais não fosse, porque depois ficaria com ambos os braços ligados e incapazes de qualquer acção  útil... como por exemplo, aplaudir o - assim chamado – lindo serviço.

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