quarta-feira, 14 de julho de 2010

é do caralho, senhores ouvintes!

Sem sombra de ironia, deixem que vos confesse que ainda estou para saber se é a sério, ou se trata de uma subtil e requintada blague, ao jeito de "poisson d’Avril"...
Vem no Diário de Notícias, com fotografia do protagonista e tudo.
O protagonista é, no caso, António Serrano, o ministro português da Agricultura, que, na foto, aparece quase sorrindo, enquanto estica o braço e a mão que recolhe, de uma prateleira cheia de latas e frasquinhos, o que parece, ou podia bem ser, uma lata de atum.
E a legenda: "Mochila e alimentos na despensa para emergências..."


E agora, apesar de serem ainda uns bons 4 parágrafos, deixem que vos leia, quase na íntegra, ou pelo menos, as passagens mais intrigantes.


"O ministro da Agricultura, António Serrano..." – começa assim, a prosa - "... apresentou ontem a campanha “Previna-se e Viva”, que passa por recomendar à população que guarde alimentos na despensa e numa mochila de emergência para responder a situações de crise. Num supermercado em Lisboa..." – este que a fotografia ilustra, presume-se – "...o ministro admitiu que já em 2005 tentou fazer avançar este dossier, que é uma “resposta obrigatória”... – este resposta obrigatória vem com aspas – resposta obrigatória, portanto, "...dos estados membros da Nato... Estamos a fazer o contrário do que se faz, depois de portas arrombadas , trancas na porta..." Diz o ministro... pois não. O provérbio não é assim, mas percebe-se a ideia. 
O que não se percebe é que relação terá com o que se estava a falar, pelo menos à primeira...


Continua o Diário de Notícias explicando o essencial da ideia...A cada português é apresentada a “despensa que não se dispensa” e a “mochila de emergência” através de um folheto disponibilizado nos supermercados pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição.
E a concluir... escreve o DN... que a mochila de emergência deverá conter "alimentos básicos e utensílios como guardanapos, fósforos, panelas pequenas, canivete multi-usos e lanterna. Tudo para sobreviver a uma eventual crise..."


Ora, abóbora!, com um arsenal destes até se pode a gente enfiar num bunker debaixo do quintal e esperar o fim do mundo! Não sei se é dessa crise que falam e temem os tais países membros da Aliança Atlântica...
Como a hipótese do fim do mundo , apesar de teoricamente possível, não parece que se resolva com panelas pequenas e canivetes multi-usos... o cenário das crises futuras também não parece que se contente e combata com o que cabe numa pequena mochila de emergência... O mais certo é o tempo acabar por fazer expirar o prazo de validade de boa parte das conservas que se comprou e acabar tudo no lixo, quando os horizontes se desanuviarem um pouco por sobre as nossas cabeças.
Entretanto também, já a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição gozou de uma pequena folga, no susto em que vive actualmente, com os consumidores em recessão e as vendas a baixarem...
Enfim, também não lhe resolve completamente a vida... mas como mochila de emergência... serve perfeitamente.

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