a miséria

A matéria em si vem em todos os jornais... a questão dos aumentos dos impostos, a questão dos certificados do Tesouro, que o Correio da Manhã faz questão em lembrar que só compensam ao fim de 5 anos, sendo que os depósitos a prazo, na generalidade dos bancos, continuam a dar mais juros que os Certificados, sejam do Tesouro ou de Aforro...

Mas, não era por isto que vos queria roubar só um par de minutos, ou se calhar nem tanto.

Façamos, para começar , justiça ao título escolhido pelo Correio da Manhã:. Diz assim: "Ministro manda famílias poupar".

Vamos deixar de lado a pergunta parva: poupar o quê? E sigamos ao que mais importa... e o que mais importa aqui é o que o ministro, Teixeira dos Santos, das Finanças, claro,,, disse...

Pois, com aspas e tudo, vamos ouvir: "Os problemas do país resolvem-se com um esforço adicional de poupança. É o que o Estado está a fazer e é o que apelo a todos os cidadãos a fazerem..."

Apelo a todos os cidadãos a fazerem... Ora, que importância... enfim, que diferença fará ao ministro Teixeira dos Santos das Finanças que um cidadão qualquer decida esbanjar o dinheiro que tem, pouco ou muito, em caramelos, que seja?...

Depois, que outra solução resta a qualquer pessoa, quando o dinheiro falta, senão poupar, ou gastar menos, ou simplesmente adiar os consumos menos urgentes para melhores Verões?...

"Ministro manda famílias poupar" - está mais perto da verdade, apesar de não ser ainda completamente correcto... ou seja, o ministro pode mandar o que quiser, mas em casa de cada um , cada um é que sabe o que fazer e como fazer, para aguentar a economia à tona d´água... mas, mesmo assim, soa mais razoável... Soa pelo menos menos deprimente... Do que esta coisa, que transpira a uma certa pedinchice quase miserabilista, do apelo tímido, como se dissesse, se não vos der muito trabalho, se quiserem fazer esse favorzinho... ainda mais quando a situação se apresenta sem apelo ... ia a dizer e sem agravo, mas aí seria eu quem fugia à verdade, já que, o agravo, todos o vão começar a sentir, a partir deste mês... 

É antes a forma de colocar a questão, o que nos faz sentir ainda mais miseráveis, ou não?

Porque, meus amigos... não ter dinheiro é pobreza... a miséria é outra coisa... outra coisa bem diferente. E muito mais triste ainda que não ter dinheiro.