quinta-feira, 1 de julho de 2010

palavras, leva-as o vento

Palavras... palavras, leva-as o vento – diz a Sabedoria Popular.
No princípio era a palavra... dizem as Escrituras.
Pois o Correio da Manhã diz que , para um jornal, não há nada pior que perder a palavra. Azares da vida... escreve o cronista António Ribeiro Ferreira na edição de hoje do Correio.
"Azares da Vida. O jornal Público está sem palavras e sem leitores..." Poderia ser este um lamento solidário do cronista do Correio, para com os colegas do Público, mas, entrando na prosa, conclui-se que não é bem assim. Lembra o cronista a primeira página do Público, aquando da morte de Saramago... "A redacção do Público ficou em estado de choque com a morte de Saramago. E, como é habitual nestas circunstâncias... - continua o cronista –"... como é habitual nestas circunstâncias, perdeu o tino. Chegaram ao ponto de escrever na primeira página que com a morte do escritor tinham ficado sem palavras..." Saltemos duas linhas e vamos à conclusão. Remata o cronista do Correio que: "um jornal sem palavras é o diabo... e sem leitores também...Termina a prosa invocando o regresso de um antigo director do jornal. 
E já percebemos que o que temos aqui afinal é um exercício irónico e sarcástico sobre a alegada perda de leitores do jornal Público e a escolha de um título, que se limitou a reproduzir uma frase feita... um chavão de circunstância... Como é pouco provável que o cronista do Correio venha a ler isto, podemos dizer sem receio que, depois desta prosa... fica-se... isso mesmo – sem palavras.
Mas há outros exemplos... exemplos de uma eloquência que não deixa margem para dúvidas de que o orador tem palavras para todas as circunstâncias e não se inibe de as usar prodigamente..
Ainda no Correio da Manhã. Citando  Vasco Franco, secretário de Estado da Protecção Civil... oiçamos: "Haverá um número de ignições significativo..." não um número significativo de ignições, mas antes um número de ignições significativo...  enfim, adiante, talvez que a ordem das palavras não seja ela própria significativa, neste contexto. Recomecemos... diz Vasco Franco: "Haverá um número de ignições significativo, porque tivemos chuvas prolongas e o material atingiu dimensões que em outros anos não tem atingido."
Portanto, em tradução livre, temos que este ano se esperam muitos incêndios florestais, porque choveu muito e as árvores e o mato cresceram mais do que é costume.
Diz a sabedoria popular, que não há fumo sem fogo.
Pois aqui, fumo já temos... tanto, que quase custa a ver onde quer chegar o secretário de Estado da Protecção Civil... quanto ao fogo, já percebemos também que este ano vai ser complicado...
Uma vez mais.

Sem comentários:

Enviar um comentário