quinta-feira, 15 de julho de 2010

o dia do Filho da P

A notícia vem em mais que um dos jornais do dia... a notícia do julgamento e sentença de Jesuína Neves, a Dona Branca de Valbom, como ficou conhecida.
Esta ex bancária foi condenada por ter desviado, entre os anos de 97 e 2002, 10 milhões de euros de 177 clientes do banco, onde trabalhava.
Dizem os jornais que o fez para ajudar a empresa de um amigo. Uma empresa farmacêutica. Dizem os jornais, que o tal amigo foi condenado a 4 anos e meio de prisão e ela a 5... ambas as penas.... suspensas...
E já vamos ver, porque é que o tribunal de Gondomar resolveu suspender a pena... Antes disso deixem que vos conte o essencial da fraude.
Os clientes eram aliciados para fazer depósitos a prazo, cujo dinheiro seria investido em produtos de alto rendimento... Sendo que o dinheiro, como já se percebeu, era entretanto desviado para a conta do tal amigo de Jesuína Neves... Dizem os jornais, que entretanto , quando o caso foi descoberto... Jesuína foi despedida do banco, tendo vivido desde então no desemprego, sobrevivendo com a ajuda dos pais... Já o empresário não parece ter tido esse tipo de problemas e a empresa que gere continua a funcionar sem aflições de maior... Diz mesmo, o JN, que, graças ao dinheiro desviado, a empresa, que facturava 25 mil euros em 98, passou a facturar 5 milhões, passados 4 anos. As instalações mudaram-se do espaço acanhado que ocupavam no Porto, para um pavilhão desafogado na zona industrial de Gondomar... Em informação paralela também, os jornais referem que Jesuína Neves é, ou era, ao mesmo tempo, catequista no Centro Paroquial de Valbom... Mas isso  são contas de outros rosários...
Havia também um terceiro arguido, empregado da farmacêutica, mas o tribunal considerou que não tinha culpa que chegasse para uma condenação e absolveu-o.
Já Jesuína e o amigo não. 4 anos e meio para ele e 5 anos de prisão para ela. E com pena suspensa. Ambos. Vamos lá então a saber, porque é que o tribunal de Gondomar resolveu suspender a pena de prisão para Jesuína Neves...

Deixem que siga a descrição do jornal I - que o tribunal condenou Jesuína, agora com 53 anos, por crime de burla qualificada, tendo-a absolvido do crime de abuso de confiança, porque, ainda no entender do tribunal, não tinha intenção de se apropriar do dinheiro. Mas sim de assegurar a disponibilidade financeira da empresa do amigo.

E no fundo era aqui que queria chegar. A esta surpreendente conclusão do tribunal de Gondomar. Diz que não houve crime de abuso de confiança... Pois meus amigos, se outro crime não tivesse havido e mesmo que os arguidos tivessem já devolvido todo o dinheiro que desviaram – o que ainda não aconteceu completamente e houve gente que ficou sem o dinheiro da reforma entretanto... Pois , estava eu a dizer que, se outro crime não houvesse... desse, o de abuso de confiança, não haveriam de sobrar quaisquer dúvidas! Foi mesmo um abuso de confiança, o que esteve na origem de tudo o que seguiu. As pessoas acreditaram , confiaram com uma fé cega, nesta bancária, ainda por cima catequista – que numa terra pequena toda a gente se conhece – e entregaram-lhe o dinheiro das poupanças e das reformas para que ela o aplicasse numa jigajoga financeira qualquer que lhes daria juros gordos e garantidos...
Que não tinham intenção de se apropriarem do dinheiro e era só para resolver uma emergência, no caso, assegurar a disponibilidade financeira de uma empresa, que estava com dificuldades em conseguir crédito na banca...
Enfim, acredite quem quiser, mas esse parece ser o móbil de todos os crimes, pelo menos os de roubo... resolver uma emergênciazinha qualquer.

 
Vem no Correio da Manhã em breve destaque na secção que o jornal chama de Mundo Louco. E vem da Argentina , a notícia.
O sindicalista argentino Luís d’Elía propôs que se comece a celebrar, na Argentina e a cada 2 de Agosto, o dia do Filho da P... é assim que o jornal escreve por razões obviamente...óbvias. O dia do Filho da P... e a 2 de Agosto porque esse é o dia do aniversário de Jorge Rafael Videla .. do ditador Jorge Rafael Videla, que enfrenta entretanto vários processos por crimes contra a humanidade. Diz este sindicalista que , nos anos 90, a Argentina conheceu muitos filhos da P... como Carlos Menem, Eduardo Duhalde, Fernando de la Rua, Domingos Cavallo, mas que Videla, precedeu-os a todos e merece por isso a distinção ..

Ora cá em Portugal e no caso, nas Caldas da Rainha, o impropério não foi tão longe.
Este agricultor, Macário Gomes de sua graça, foi condenado a 3 meses de prisão efectiva e a pagar uma indemnização com juros, por ter dito , numa assembleia municipal, que Herculano Martins, o presidente da junta de freguesia, era corrupto.
Os pais deste agricultor, que tentam agora reunir o dinheiro para o tirar da cadeia, lembram com estranheza  que quase não há dia em que não se oiça no Parlamento português toda a gente a chamar nomes a toda a gente e ninguém vai preso. Já o filho, que só estudou até ao 9º e se limitou a emitir uma opinião... acabou detido por insulto e difamação.
Os factos remontam a 2007 e este agricultor denunciou na altura uma - para ele  pouco clara - contratação de uma funcionária, pelo presidente da Junta de Manique do Intendente – faltava dizer o nome da terra... No ano seguinte foi condenado, tendo ficado a pena suspensa por um ano, caso pagasse a indemnização pedida – Mil e quinhentos euros ... enfim, já vimos dignidades com melhor cotação no mercado das ofensas... mas o jornal lembra que os desaguisados, entre este agricultor e o presidente da Junta, já se arrastavam há mais tempo. Terão começado quando o presidente da Junta resolveu vender os sinos da Igreja... Consta que foi por obra e força de Macário Gomes e dos vizinhos da paróquia que se conseguiu que os sinos voltassem ao campanário...

Mas , em verdade só vos contei isto porque... ainda há pouco aqui conhecemos a dona Branca de Valbom, a bancária que desviou 10 milhões de euros das poupanças dos depositantes e ficou com pena suspensa... e agora aparece este agricultor, que por ter chamado nomes feios ao presidente da Junta levou 3 meses de prisão efectiva...
Mas o Correio da Manhã dá mais exemplos curiosos... histórias de proveito e exemplo... como a do homicida, que se foi entregar, confessando o crime e a policia mandou-o  para casa, convocando-o a apresentar-se no dia seguinte no tribunal. Nunca mais ninguém o viu. Até hoje.

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